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Empreendedorismo Brasil

Por Joaquim de Alvarenga Neto (Professor da YCON)

Segundo a visão clássica, empreendedorismo é a “criação de novas empresas”. A atividade empreendedora também incorpora a capacidade de assumir riscos, produzir bens e serviços e acima de tudo, “inovar”.

Definições mais atuais como a de Howard Stevenson, da Harvard Business School, consideram o empreendedorismo como uma forma de gestão definida pela busca de oportunidades sem consideração aos recursos disponíveis ou controlados no momento. Tal estilo de gestão, caracterizado por indivíduos que iniciam suas próprias empresas, também se encontra presente no mundo corporativo.

Grandes empresas buscam cada vez mais profissionais com perfil empreendedor, capazes de estender o domínio de competências da empresa e conjunto de oportunidades correspondentes através da criação de novas combinações de recursos já existentes internamente.

No Brasil encontramos vários talentos empreendedores – alguns por opção, outros por necessidade. Um estudo internacional, o Global Entrepreneurship Monitor (GEM), realizado pelo Babson College e a London Business School, que busca traçar uma relação entre a atividade empreendedora e o desenvolvimento econômico dos países, aponta que 1 em cada 8 brasileiros estão envolvidos em seu próprio negócio.

Tal interesse é relacionado a vários motivos como, por exemplo, as oportunidades para mobilidade social geradas pelo possível sucesso da atividade. Como é centrado em oportunidades, recompensa sucesso sem considerar raça, sexo, religião, classe social, e permite que as pessoas realizem seus sonhos, procurem oportunidades que combinem com seus gostos e também com o seu estilo de vida.

Vários dados apontam a atividade empreendedora como a grande geradora de riqueza no mundo. Nos EUA, 95% da riqueza atual está na mão de empreendedores revolucionários, que iniciaram suas empresas de 1980 em diante. Em 1960, 1 em cada 4 pessoas trabalhava para uma empresa entre as Fortune 500. Em 1990, apenas 1 em cada 14 trabalhava para uma F500.

Desde a II Guerra, peq. Empresas foram responsáveis por metade de toda a inovação e por 95% de toda a inovação radical. Pequenas geram 2 vezes mais inovação por dólar gasto do que as grandes e 24 vezes mais do as megas com mais de 10,000 funcionários.

Apesar de o Brasil, dentre os países pesquisados pelo GEM em 2000, ser considerado o país com maior inclinação ao empreendedorismo – 1 em cada 8 envolvido com negócio próprio, contra 1 em 10 nos EUA, 1 em 12 na AUS, 1 em 25 na Alemanha e 1 em 100 no Japão – ele foi desconsiderado da continuação do estudo devido à alta porcentagem de homens trabalhando na agricultura (43%) e o baixo investimento e potencial econômico dos negócios empreendidos. No entanto, as seguintes conclusões foram estabelecidas.

No Brasil, a atitude cultural prevalecente sobre o empreendedorismo tende a ser conservadora – reflexo do reconhecimento negativo ao erro (que é visto como fracasso e não como parte do processo de aprendizado) e do ceticismo em relação a estórias de sucesso pessoal e enriquecimento.

Prevalece a atitude de dependência, assume-se o estado paternalista, que deve cuidar do bem estar sócio-econômico. Apesar de alguns passos em direção a privatização já terem sido tomados, o envolvimento do estado nas empresas ainda continua alto.

Acesso ao capital é um dos maiores obstáculos. Apesar de ter aumentado sua disponibilidade, os esforços do governo para melhorar a situação deve ainda trazer um impacto real.

Existem grandes problemas de infraestrutura e segurança pública. Apesar dos níveis de analfabetismo estarem diminuindo, os padrões educacionais ainda são inadequados.

A carga tributária é alta, constituindo um peso para a expansão das empresas. Apesar dos tributos trabalhistas serem altos, o Brasil opera com estruturas salariais internacionalmente competitivas. O apoio do governo às empresas é considerado inadequado, os programas não adereçam problemas chaves e são pouco divulgados pelo país.

As PME são as principais geradoras de emprego no Brasil – 58% na manufatura; 75% no comércio e distribuição (SEBRAE /94). Porém, as PME Brasileiras tem baixo desempenho comparada à outros países. No Brasil a PME contabiliza 20% do PIB, comparado com 51% nos EUA; contribui com cerca de 41% da produção industrial, comparado com 75% na Itália, 65% no Japão e 54% no Reino Unido, e com 32% da exportação comparado com 69% na Itália, e 49% em Taiwan.

Concluindo, fala-se bastante por aqui, mas ainda falta um enorme caminho a ser percorrido até que o Brasil consiga alcançar os resultados benéficos da revolução empreendedora. Falta reconhecimento e capacitação do empreendedor, e um ambiente econômico, político e social que recompense a audácia dos visionários Brasileiros.

Autor: Joaquim F. de Alvarenga Neto, Engenheiro e Professor da YCON

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